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25 de julho de 2007

Meia hora - número 34 ano I

Muito raramente tenho contacto com o Meia Hora, jornal de distribuído em Lisboa - ou pelo menos em Lisboa. O Meia Hora não tem distribuição matinal para quem sai do comboio no Oriente... O Meia Hora, que não vou aqui julgar pelos dois (em 34) números a que tive acesso, tem, no número 34, um editorial que por uma razão contra a ASAE, sobre as questões culturais e alimentares portuguesas, que até me levaria a concordar com o jornalista Manuel Falcão, a perde toda por este jornalista considerar, no mesmo editorial, que estas actividades, reguladas pela UE, terem todas origem em Sócrates.

A demonização de Sócrates, de uma forma permanente e culpando-o de tudo, roça já o ridículo... E assim, não há pachorra para qualquer crédito a qualquer oposição...

Neste Meia Hora, existe uma pequena secção titulada "Fica Dito" onde se cita um sr., cujas palavras foram publicadas pelo grande, credível, educativo e excelente jornal Correio da Manhã. Terá comentado ou escrito, o sr. José Luís Ramos Pinheiro, sobre o que ele considera "uma disfunção bipolar do Governo": fazer aprovar uma lei de IVG e, em simultêneo, apoiar a natalidade em Portugal.

Ora, fique claro que este sr. e o Meia Hora partilham a mesma opinião, como não sei o contexto da publicação no Correio da Manhã não é viável qualquer juízo. Mas o Meia Hora, como publica apenas a citação, deverá ser por concordar com ela e considerar que a sua repetição é importante para os leitores.

A citação: "Assinale-se a disfunção bipolar do Governo: regulamentou a lei do aborto, incentivando, até financeiramente, a sua prática, mas preocupa-se agora com o impacto da redução da natalidade."

Este sr. e o Meia Hora desconhecem que a prática de aborto clandestino neste país já existia e que a lei e a sua regulamentação da prática de aborto, não procuram uma diminuição da natalidade mas sim praticar políticas de saúde pública. Que a queda da natalidade neste país não está ligada à prática de aborto, que já se praticava no tempo das suas bisavós, e até antes, mas sim a problemas sociais e económicos e também a mudanças culturais evidentes.

A preocupação sobre a questão demográfica é evidente em vários países, e, mais uma vez, chega cá tarde e defeituosa no incentivo. O aumento da natalidade deve ser fomentado junto daqueles que tenham vontade em ter os filhos, constituindo um grupo de pessoas com laços afectivos e sociais, em educá-los e fazer deles pessoas que, no momento de se tornarem activas, sejam peças da sociedade que ajam em prol da sociedade onde se encontrem - sim, mantenho a possibilidade de emigração.

Falta ao Governo preocupar-se com a lei e a regulamentação actuais da adopção, que evite a descriminação religiosa, sexual e outras sobre os candidatos a pais, que acelere os processos. E que avalie as pessoas que gerem, em nome do Estado, estes processos e são os primeiros a serem preconceituosos.

Falta a preocupação sobre a protecção e identificação de crianças em risco - os tribunais vão continuar a devolver crianças a adultos que as maltrataram e depois as matam ou continuam a maltratar, devido a opiniões de assistentes sociais sem reais competências para realizar este trabalho?

Falta também uma avaliação dos cursos superiores que trazem estes profissionais para a sociedade.


Conclusão: o Meia Hora gosta de cuspir para o chão. O sr. citado poderá ter outras razões que o Meia Hora me não permite aferir.

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